A Bíblia diz a verdade?
Arqueólogos estão transformando céticos em crentes.
Por Jeffery L. Sheler (Revista Seleções 04/2001)
Durante
aquele verão escaldante, a equipe arqueológica estivera trabalhando na
escavação das ruínas da antiga cidade israelita de Dan, na alta
Galiléia. Com cuidado, Gila Cook, o topógrafo do grupo, desenhava as
plantas das muralhas e da praça calçada em pedras, diante do que fora a
entrada principal da cidade. Nesse momento, Cook notou algo estranho. Na
ponta exposta de uma das pedras de basalto, viam-se letras gravadas.
Cook chamou logo o chefe da equipe, Avraham Biran. Quando o arqueólogo
veterano abaixou-se para examinar a pedra, seus olhos se arregalaram:
“Meu Deus! Uma inscrição!”
A
pedra fora identificada como parte de um monumento ou estela, datado do
século IX antes de Cristo. Aparentemente comemorava a vitória do rei de
Damasco sobre dois inimigos: o rei de Israel e a Casa de Davi.
A
referência histórica a Davi caiu como uma bomba. O nome tão conhecido
do antigo rei guerreiro de Israel, figura central do Velho Testamento e
antepassado de Jesus, segundo o Novo, nunca fora encontrado em nenhum
documento antigo além da Bíblia. Ele era considerado um personagem
lendário pelos mais céticos mas, agora, por fim, estava numa inscrição
feita não por um escriba hebreu, mas por um inimigo dos israelitas,
pouco mais de um século após a suposta época em que Davi vivera. Essa
descoberta, feita em 1993, parecia corroborar a existência da dinastia
do rei e, por extensão, a dele próprio.
A
descoberta de uma inscrição ou de um artefato pode comprovar, ou
desmentir, determinada passagem das escrituras. Ainda que de formas
extraordinárias, a arqueologia moderna vem confirmando o núcleo
histórico do Velho e do Novo Testamento, sustentando partes centrais de
histórias bíblicas importantes.
A ERA DOS PATRIARCAS
O
livro de Gênesis traça a linhagem de Israel até Abraão, o nômade
monoteísta que, conforme Deus prometera, haveria de ser o pai de uma
multidão de povos, cujos filhos herdariam a terra de Canaã. A promessa
divina e a história étnica de Israel foram transmitidas de geração em
geração, de Abraão, a Isaac e a Jacó. Jacó e seus filhos,
progenitores das 12 antigas tribos de Israel, foram forçados a migrar
para o Egito.
A
arqueologia moderna não encontrou nenhuma prova direta que confirmasse o
relato bíblico, mas isso não causou surpresa a estudiosos como Barry J.
Beitzel, professor de línguas semíticas do estado americano de
Illinois. Trata-se de uma história familiar de um nômade e de seus
descendentes, desconhecidos na época pelos grandes povos da região,
motivo pelo qual não se encontra nenhum registro correspondente nos
anais destes reinos.
Kenneth
A. Kitchen, egiptólogo e orientalista aposentado pela Universidade de
Liverpool, sustenta que a arqueologia e a Bíblia se harmonizam quando
descrevem o contexto histórico das narrativas dos patriarcas. Na
passagem do Gênesis 37, 28 por exemplo, José, um dos filhos de Jacó, é
vendido como escravo aos egípcios por 20 moedas de prata. Kitchen
assinala que esse era o exato preço de um escravo naquela região no
período compreendido entre os séculos XIX e XVII antes de Cristo, como
ficou comprovado por documentos recuperados na região que hoje
compreende a Síria e o Iraque. Outros documentos revelam que o preço dos
escravos subiu de forma contínua nos séculos seguintes. Se a história
de José fosse inventada por algum escriba judeu do século VI, como
sugerido por alguns céticos, porque o valor citado não corresponde ao
preço da época? “É mais razoável dizer que a história bíblica é real”
diz Kitchen. Afinal, seria muito complicado explicar como alguém poderia
supor com exatidão um valor praticado 23 séculos antes.
FUGA DO EGITO
Já
foi dito que a dramática história do Êxodo (de como Deus libertou
Moisés e o povo judeu do cativeiro no Egito e os guiou à terra prometida
de Canaã) é a proclamação central da Bíblia hebraica, embora os
arqueólogos ainda não tenham encontrados indícios que comprovem esse
relato. Contudo, Nahum Sarna, professor de estudos bíblicos da
Universidade de Brandeis, afirma que a história do Êxodo (que liga a
história de uma nação à escravatura e à opressão) não pode, de forma
alguma, ser uma obra de ficção. Nenhuma nação inventaria para si própria
uma história assim tão inglória, que desonrasse tanto a tradição de seu
povo, a menos que houvesse um núcleo verídico. Willian G. Dever,
arqueólogo da Universidade do Arizona, observa: “Escravos, servos e
nômades, costumam deixar muito poucos traços nos registros
arqueológicos”.
A
data a ser atribuída ao Êxodo é outra fonte de controvérsias. Em I Reis
6, 1 encontramos o que parece um marco histórico para o fim da estadia
israelita no Egito: “E sucedeu que no ano de 480, depois de saírem os
filhos de Israel do Egito, no ano 4º do reinado de Salomão sobre Israel
(...), começou a edificar-se a casa do Senhor.” Mas, a data não coincide
com a de outros textos bíblico nem com o que se sabe da história
egípcia. Sarna e alguns estudiosos alegam que a data citada – ano 480 –
não deve ser tomado ao pé da letra. “São 12 gerações de 40 anos cada
uma” explica o professor. O número “40” é um número convencional da
Bíblia, usado com freqüência para designar um longo período. Ao se ser a
cronologia do 1º Livro dos Reis sob esta perspectiva, isto é, com a
exposição teológica e não com a história pura, pode-se colocar o Êxodo
no século XIII antes de Cristo, na época de Ramsés II, em que há forte
sustentação circunstancial nos registros arqueológicos.
JESUS
Nas
últimas quatro décadas, descobertas espetaculares confirmaram o pano de
fundo histórico dos Evangelhos. Em 1968, por exemplo, o esqueleto de um
homem crucificado foi encontrado numa caverna funerária na parte norte
de Jerusalém. Foi um achado significativo: embora se saiba que os
romanos crucificavam milhares de supostos traidores, rebeldes e ladrões,
os restos mortais de uma vítima de crucificação jamais tinham sido
encontrados.
Os
ossos, preservados num ossuário de pedra, pareciam pertencer a um homem
entre 25 e 30 anos. Havia indícios de que seus pulsos haviam sido
traspassados com pregos. Os joelhos haviam sido dobrados e virados para
o lado e um prego de ferro (ainda alojado em um osso de uns dos
calcanhares) fora enfiado em ambos os pés. As duas tíbias haviam sido
quebradas – quem sabe confirmando o relato do Evangelho de João (19;
32-33): “Foram pois os soldados e, na verdade, quebraram as pernas do
primeiro, e depois ao outro que com ele fora crucificado”.
Havia
muito que se dizia que os carrascos romanos costumavam jogar os
cadáveres dos crucificados em valas comuns ou abandona-las na cruz para
serem devorados por animais carniceiros, mas a descoberta dos restos de
um crucificado contemporâneo de Jesus em uma sepultura evidenciou que os
romanos às vezes permitiam um enterro familiar, como reza o relato do
sepultamento de Jesus.
Em
1990, durante a construção de um parque a pouco mais de 3 km ao sul do
Monze do Templo, os operários descobriram uma câmara funerária secreta,
datada do século I, contendo 12 ossuários de calcário. Em um deles, que
guardava os ossos de um sexagenário, havia a inscrição: “Yehosef bar
Qayafa”, ou seja, “José, filho de Caifás”. Os especialistas acreditam
que se trate de Caifás, o supremo sacerdote de Jerusalém que, segundo os
Evangelhos, esteve envolvido na prisão de Jesus, interrogando-o e
entregando-o a Pilatos para ser executado.
Algumas
décadas antes, durante as escavações nas ruínas de Cesaréia Marítima, a
antiga sede do governo romano na Judéia, foi encontrada uma laje de
pedra com uma inscrição bastante danificada. De acordo com os peritos, a
inscrição completa teria sido: “Pôncio Pilatos, governador da Judéia,
dedica ao povo de Cesaréia, um templo em homenagem a Tibério”.
A
descoberta é especialmente significante por ser a única inscrição com o
nome de Pilatos já encontrada e por estabelecer que o personagem
descrito nos Evangelhos como governante romano da Judéia tinha de fato a
autoridade a ele atribuída pelos evangelistas.
Os
registros arqueológicos não se pronunciam sobre boa parte da história
bíblica, mas os arqueólogos estão convencidos de que existem muito mais
provas a respeito, enterradas nas areias do Oriente Médio, à espera de
que alguém as encontre...
OPINIÃO PARTICULAR –
“Engraçado como essas coisas não aparecem em reportagens do Fantástico,
SBT Repórter, etc.... Mas, os assuntos sobre crendices, superstições e
esoterismo da Nova Era.... esses sim são interessantes...”Por: Jociara Alves
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