terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A ARTE E A UNÇÃO





A arte só é de Deus quando é feita com Deus

“o Senhor é meu Deus”
Vamos hoje lembrar uma das histórias religiosas do antigo Israel, das quais os profetas tiveram grande relevância, com seus ensinamentos, então surge a figura de Elias, suscitado por Deus para levar o povo à conversão. Seu nome significa “o Senhor é meu Deus” e é de acordo com este nome que se desenvolve toda a sua vida, o seu serviço, as suas ações e decisões, consagradas inteiramente a provocar no povo o reconhecimento do Senhor como único Deus, e resumidamente servi-Lo.
De Elias vamos lembrar sobretudo a historia ocorrida no monte Carmelo, onde se mostra todo o seu poder de intercessor, quando, diante de todo Israel, reza ao Senhor para que se manifeste e converta o coração do povo. É o episódio narrado no capítulo 18 do Primeiro Livro dos Reis, o qual Elias rezava ao Senhor para que o povo que adorava Baal, o ídolo tranquilizador de quem se acreditava que vinha o dom da chuva e a quem, por isso, se atribuía o poder de dar fertilidade aos campos e vida aos homens e às bestas, pudesse ser convertido. Ainda pretendendo seguir o Senhor, Deus invisível e misterioso, o povo buscava segurança também em um deus compreensível e previsível, de quem acreditava poder obter fecundidade e prosperidade em troca de sacrifícios, colocando sua confiança também em um deus impotente feito por homens.
Elias reúne o povo de Israel no monte Carmelo e o coloca diante da necessidade de fazer uma escolha:
“Se o Senhor é o verdadeiro Deus, segui-O; mas, se é Baal, segui a ele” (1Re 18, 21).
E o profeta, portador do amor de Deus, não deixa sua gente sozinha diante desta escolha, mas o ajuda, indicando o sinal que revelará a verdade: tanto ele como os profetas de Baal prepararão um sacrifício e rezarão, e o verdadeiro Deus se manifestará respondendo com o fogo que consumirá a oferenda. Começa assim a confrontação entre o profeta Elias e os seguidores de Baal, que na verdade é entre o Senhor de Israel, Deus de salvação e de vida, e o ídolo mudo e sem consistência, que não pode fazer nada, nem para bem nem para mal (cf. Jr 10,5,) embate entre o serviço com Deus e o serviço sem Deus. E começa também a confrontação entre duas formas completamente diferentes de dirigir-se a Deus e de rezar (com a visão de artistas, devemos incluir o atuar e dançar, Para Deus e com Deus ou para você e somente com você, é melhor escolher a primeira viu?, “de graça recebi e devolvo a ti”).
Lembro do desenho bíblico que passava nas manhã de domingo no SBT, nessa história os profetas de Baal, fizeram um palco, encenavam e se fantasiavam (tinha até um que era com um figurino de nuvem, lembra?), mas de fato, eles gritavam, agitavam-se, dançavam, pulavam, entravam em um estado de exaltação, chegando a fazer-se incisões no corpo, “com espadas e lanças, até o sangue escorrer” (1Re 18,28).
Usam a si mesmos como recurso para interpelar o seu deus, confiando em suas próprias capacidades de provocar sua resposta (Para você e somente com você), transmitindo o que desejavam. Revela-se assim a realidade enganosa do ídolo. A adoração do ídolo, ao invés de abrir o coração humano à Alteridade, a uma relação libertadora que permita sair do espaço estreito do próprio egoísmo para aceder a dimensões de amor e de dom mútuo, fecha a pessoa no círculo exclusivo e desesperador da busca de si mesma.
Mas no artista Elias, ou desculpe profeta Marcel!!, profeta!!...diz “Senhor, Deus de Abraão, de Isaac e de Israel, mostra hoje que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo e que é por ordem tua que fiz estas coisas. Ouve-me, Senhor, ouve-me, para que este povo reconheça que tu, Senhor, és Deus, e que és tu que convertes o seu coração!” (v. 36-37; cf. Gn 32, 36-37). Dirigiu-se a Deus e de forma diferenciada e sincera reza e agi conforme ordenado por Deus, o verdadeiro retrato do agir Para Deus e com Deus.
Leitores, o que esta história do passado nos diz? Qual é o presente desta história? Antes de tudo, está em questão a prioridade do primeiro mandamento: adorar somente a Deus. Onde Deus desaparece, o homem cai na escravidão de idolatrias, como mostraram, em nossa época, os regimes totalitários, que tornam o homem dependente de ídolos, de idolatrias, o escravizam, nesse período natalino, a escravidão do consumismo. Segundo, o objetivo primário da oração é a conversão: o fogo de Deus que transforma nosso coração e nos torna capazes de vê-Lo e, assim, de viver segundo Deus e de viver para o outro. A arte com Deus é arte, a arte sem Deus é um desastre.

Marcel Almeida
Coordenador das Artes
Grupo de Oração Vida Nova
Texto adaptado de um artigo do site http://www.rccbrasil.org.br

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