quarta-feira, 23 de novembro de 2011

FORMAÇÃO

Aprendendo a perdoar 
Perdoar é um ato de vontade e não um sentimento...

Perdoar é a prova pela qual o Senhor faz passar todos os seus combatentes. Perdoar nos classifica! Não perdoar nos desclassifica nesta seleção de combatentes.
Perdoar é um ato de vontade e não um simples sentimento. Temos o livre arbítrio de escolher entre perdoar ou guardar entulhos no coração. A decisão é nossa. Somente com o perdão conseguimos harmonia em nosso coração.
A palavra de Deus nos mostra claramente que o perdão abre as portas para alcançarmos as graças de que necessitamos.
“E quando estiverdes em pé orando, se tendes algo contra alguém, perdoai, para que o vosso Pai que está nos céus também vos perdoe vossas faltas” (Mc 11,25).
Muitas vezes não somos atendidos em nossas orações por causa da dureza do nosso coração. Pedimos muitas graças, rezamos, fazemos penitências... mas se não perdoarmos, se ficarmos guardando ressentimentos em nosso coração a graça não acontece. Se nos recusamos a perdoar, automaticamente estamos impedindo que a graça de Deus se realize em nossas vidas.
Sem perdão, o canal da graça está impedido. Ressentimentos, e muito mais ainda, rancores e ódios “entopem” o canal da graça.
Ao longo da nossa vida vamos acumulando mágoas, ressentimentos; somos pessoas complicadas, nos ofendemos com facilidade e na mesma proporção magoamos e ferimos as pessoas... É preciso mudar o coração. É necessário ser misericordioso como o Pai é misericordioso.
Temos um Pai que é todo amor. Na qualidade de filhos, precisamos nos encher de misericórdia, piedade e compaixão para com o nosso próximo. É preciso agir como o bom samaritano:
“Um homem descia de Jerusalém a Jericó, caiu nas mãos de bandidos que, tendo-o despojado e coberto de pancadas, foram-se embora e o abandonaram quase morto. Aconteceu que um sacerdote descia por esse caminho; ele viu o homem e passou a boa distância. Do mesmo modo um levita chegou a esse lugar; viu o homem e passou a boa distância. Mas um samaritano que estava de viagem chegou perto do homem: ele o viu e tomou-se de compaixão. Aproximou-se, atou-lhe as feridas, derramando nelas azeite e vinho, montou-o sobre a sua própria montaria, conduziu-o a uma hospedaria e cuidou dele. No dia seguinte, tirando duas moedas de prata, deu-as ao hospedeiro e lhe disse: "Toma conta dele, e se gastares alguma coisa a mais, na minha volta to pagarei". "Qual dos três, a teu ver, mostrou-se próximo do homem que caíra nas mãos dos bandidos?" O legista respondeu: "Foi aquele que deu prova de bondade para com ele". Jesus lhe disse: "Vai e faze tu o mesmo" (Lc 10, 30-37).
Precisamos ser homens e mulheres semelhantes ao bom samaritano. Ele precisou renunciar a todos os seus projetos de seguir em frente e dar prioridade àquele que estava precisando de cuidados. Assim são os combatentes que o Senhor escolheu.
Ao aproximar-se daquele homem colocou primeiro o azeite em suas feridas para aliviar a dor. Logo depois colocou o vinho que era utilizado para limpeza de feridas.
Após fazer os curativos, o samaritano carregou aquele homem no colo e o pôs na sua montaria; e foi puxando o burrinho à procura de uma hospedaria... Depois dos primeiros cuidados, o samaritano não podia ficar por mais tempo, então entregou dois denários – era uma boa quantia em dinheiro para aquela época – nas mãos do hospedeiro, fazendo muitas recomendações para tratar do ferido da melhor maneira possível.
Não resta dúvida: o próprio Deus coloca em nosso caminho as pessoas que precisamos ajudar e perdoar. É necessário ter um coração misericordioso. É imprescindível que este coração transborde em atitudes concretas.
É certo: em nossa vida existem situações concretas nas quais precisamos usar de misericórdia. Por essa razão precisamos conservar um coração sensível. A vida moderna não pode nos arrastar. Não pode endurecer o nosso coração. O mundo não pode nos tornar insensíveis.
Nem o levita e nem o sacerdote foram sensíveis. Foi o samaritano quem agiu com misericórdia. Nada justifica termos um coração insensível. Precisamos de um coração misericordioso, que vibra, que sente e se compadece com o outro.
A vida nos transtornou de tal forma, que achamos natural acumular sentimentos negativos em nosso interior, e até nos achamos no direito de termos raiva da pessoa que errou conosco.
Somos egoístas. Por isso nos frustramos. Somos ressentidos e magoados por isso, ficamos tristes e conseqüentemente chegamos à depressão.
Comece agora: queira amar; decida ter paciência, ter mansidão; decida por se compadecer como aquele samaritano. O próprio Deus quer nos dar esta graça.
Quando começamos a amar, tudo se transforma. Não espere toda a sua vida mudar, para depois começar a amar. Ao contrário: comece amando e tudo vai se transformar em sua vida.
Peça ao Senhor a graça de amar:
“Senhor, eu quero amar. Eu me decido neste momento a amar, a perdoar as pessoas que me fazem sofrer e chorar. Dá-me a graça de amar, mesmo diante das minhas dificuldades e limitações. Mesmo não sentindo, eu quero amar com gestos concretos. Ensina-me Senhor, a amar como Jesus me ama. Ensina-me a perdoar como Jesus me perdoa. Eu quero amar, eu quero perdoar, dá-me a graça.”
Amém.
Você pode achar que é o outro quem está errado; que é ele quem precisa mudar. Mas na realidade, é você quem precisa aprender a amar. As pessoas são transformadas quando se sentem verdadeiramente amadas. Se a gente muda e começa a amar, tudo se transforma.
Talvez na sua casa exista uma pessoa que é considerada a ovelha negra: difícil de se relacionar, sempre irritada, indiferente e revoltada. A única maneira de reverter esse quadro é amando-a. Amar sem condições, mesmo que a pessoa continue errando.
O amor precisa ser traduzido em paciência: ver a pessoa errar e assim mesmo estar junto, sem irritação, sem ficar recriminando. Apenas amar. É um constante exercício.
Amar não quer dizer deixar a pessoa fazer o que quiser. Você estará presente, não a abandona, não fica falando na cabeça dela, sem brigas, sem discussões. Mostra o certo e ama; aponta o caminho, e ama; espera, e ama. Se a pessoa volta a errar, confia, ama e recomeça tudo de novo. É fogo, mas esta é a única maneira de mudar as pessoas: através do amor.
O amor é como o fogo, capaz de transformar todas as coisas. Por isso seremos julgados pelo amor...
“Falai, pois, de tal modo e de tal modo procedei, como se estivésseis para ser julgados pela lei da liberdade. Haverá juízo sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o julgamento” (Tg 2,12s).
A misericórdia triunfa no julgamento. Se você for uma pessoa misericordiosa, será tratada com misericórdia no julgamento. O que salvará a mim e a você no julgamento final, será a misericórdia. O amor concreto, traduzido em atos para com aquele que erra. O perdão concreto para aquele que errou conosco. 
Do livro: Combatentes no perdão
Padre Jonas Abib

Renato Alves
Ministro das artes

Um comentário:

  1. Belo post. O princípio do perdão está aí: amor. Amar, é o que precisamos fazer para perdoar. Obrigado pelo ensinamento que você compartilhou conosco.

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