A arte e a beleza
A Igreja, falando da criação do homem à imagem e semelhança de Deus, ensina que "as múltiplas perfeições das criaturas (a sua verdade, a bondade e a beleza) refletem a perfeição infinita de Deus" (Cat, 41). Portanto, Deus é Verdade, Bondade e Beleza!
Com efeito, ao contemplar a obra que acabara de criar, Deus viu que tudo era bom; viu também que tudo era belo. Segundo a versão grega da Bíblia dos Setenta. Bondade e beleza são faces de uma mesma moeda, segundo o Papa João Paulo II: "Em certo sentido, a beleza é a expressão visível do bem" (Carta aos Artistas, 3). Os artistas manifestam em suas obras, um pouco de sua personalidade, de sua visão de mundo... comunicam ao mundo um pouco de sua alma, de si mesmo. Deus, que na criação manifesta algo de si, contempla sua criação e a vê bela: Deus é Belo!
No curso da história, o Deus-Beleza tem sido cantado e proclamado constantemente. É bastante conhecida a confissão de Santo Agostinho: "Tarde vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova..."; São Francisco de Assis, no século XIII, após receber os estigmas, dizia a Jesus: "Vós sois beleza... Vós sois beleza"; Santa Teresa de Jesus, no século XVI, poetizava: "Formosura que excedeis a todas as formosuras..."
Nos últimos tempos, para usar as palavras do Papa, "a Igreja está especialmente interessada no diálogo com a arte" (Carta aos Artistas, 10), por reconhecer que a beleza de Deus é a porta que conduz o homem moderno a Ele. Num mundo secularizado, que relativiza a verdade e individualiza a bondade, a beleza é a via que, sutilmente, toca o coração do homem e o eleva às alturas. Os Bispos conciliares já explicavam essa realidade: "O mundo em que vivemos tem necessidade de beleza para não cair no desespero. A beleza, como a verdade, é o que traz alegria ao coração dos homens" (AAS 58 (1966),13).
João Paulo II diz ainda: "Para transmitir a mensagem que Cristo lhe confiou, a Igreja tem necessidade da arte" (12). E quantas vezes, no curso dos séculos, a Escritura se manifesta através das diversas expressões das artes: música, arquitetura, pintura, teatro, dança, literatura... As mais modernas formas: expressão gráfica, grafitismo, paisagismo, design, decoração, moda... também começam a dar seu contributo. E têm muito mais a fazer.
João Paulo II diz ainda: "Para transmitir a mensagem que Cristo lhe confiou, a Igreja tem necessidade da arte" (12). E quantas vezes, no curso dos séculos, a Escritura se manifesta através das diversas expressões das artes: música, arquitetura, pintura, teatro, dança, literatura... As mais modernas formas: expressão gráfica, grafitismo, paisagismo, design, decoração, moda... também começam a dar seu contributo. E têm muito mais a fazer.
Sobre os artistas, o Papa escreve que eles são privilegiadíssimos, pois "na criação artística, mais do que em qualquer outra atividade, o homem revela-se como imagem de Deus (...) Com amorosa condescendência, o Artista divino transmite uma centelha da sua sabedoria transcendente ao artista humano, chamando-o a partilhar do seu poder criador (...) Por isso, quanto mais consciente está o artista do dom que possui, tanto mais se sente impelido a olhar para si mesmo e para a criação inteira com olhos capazes de contemplar e agradecer, elevando a Deus o seu hino de louvor" (Carta aos Artistas, 1).
É preciso dizer que nem todos são chamados à criação artística, mas todos os homens são chamados a viver a dimensão do belo, pois Deus é belo e espera de nós uma vida bela. A todos, e em especial aos que receberam o dom da arte, é preciso que se diga: a primeira verdadeira obra de arte que se deve fazer não é a escultura, a música, a poesia... mas a própria vida. A vida deve ser uma expressão de beleza, de verdade e de bondade.
A Pietà de Michelangelo
Chiara Lubich
Chiara Lubich

Há em ti algo que não morre.
(...) Hoje, ao contemplar-te, "Madonna" bela, pensava: quão sublime e divino é o efeito de uma obra de arte. Testemunha a imortalidade da alma, porque se o objeto plasmado não morre, é arte justamente por ser imortal - isto é, não passa enquanto existir - quem te fez não pode morrer. Pareceu-me então que a arte se elevasse a alturas incalculáveis e a beleza fosse, assim como a verdade e a bondade, matéria-prima do reino celeste que nos espera, e tive a impressão de que, sem saber, os verdadeiros artistas têm uma missão apostólica.
(...) Em todo caso, basta que o artista plasme na obra a sua alma. E a alma do artista, ainda que seja ateu, é imortal.
A alma é imortal porque é "una". Por ser "una" não pode desfazer-se, dividir-se. E aqui está, acredito, a primeira causa da obra de arte.
Se o conteúdo da filosofia é a verdade, o conteúdo da arte é a beleza. E a beleza é harmonia, o que significa "altíssima unidade". Ora, quem saberá compor em harmonia as cores e os elementos de uma pintura senão a alma do artista, que é "una", à imagem de Deus que a criou?
A alma é imortal porque é "una". Por ser "una" não pode desfazer-se, dividir-se. E aqui está, acredito, a primeira causa da obra de arte.
Se o conteúdo da filosofia é a verdade, o conteúdo da arte é a beleza. E a beleza é harmonia, o que significa "altíssima unidade". Ora, quem saberá compor em harmonia as cores e os elementos de uma pintura senão a alma do artista, que é "una", à imagem de Deus que a criou?
É a alma humana, reflexo do céu, que o artista transfunde na obra, e nesta 'criação', fruto do seu gênio, o artista encontra uma segunda imortalidade: a primeira em si, como todo homem nascido nesta terra; a segunda nas suas obras, por meio das quais ele se doa à humanidade no decorrer dos séculos.
Talvez o artista seja quem mais se aproxima do santo. Porque se o santo é aquele prodígio que sabe dar Deus ao mundo, o artista, de um certo modo, doa a criatura mais bela da terra: a alma humana.

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