quarta-feira, 3 de agosto de 2011

FORMAÇÃO


 
Deus nos chama a servir

"O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me conferiu a unção para anunciar a boa nova aos pobres. Enviou-me a proclamar aos cativos a libertação e aos cegos, a recuperação da vista, para despedir os oprimidos em liberdade, para proclamar um ano de acolhimento da parte do Senhor"(Lc 4,18-19).
Nós, cristãos, podemos fazer destas palavras de Jesus nossas próprias palavras. Podemos assumi-las em nossa vida porque fomos incorporados a Cristo pelo Batismo e por isto somos participantes do múnus sacerdotal, profético e régio de Cristo. Nos tornamos, pelo múnus sacerdotal, servos da salvação de Deus para os nossos irmãos; pelo múnus profético, anunciadores da Palavra de Deus e pelo múnus régio somos chamados a libertar os homens da escravidão do mundo e do pecado através do senhorio de Cristo.
Em tempo algum o homem esteve tão longe de Deus como está agora. E isto acontece especialmente nos países que se dizem cristãos. Por isso, o Senhor deseja renovar a sua Igreja. Renovar a Igreja de Jesus Cristo não é construir uma Igreja nova, não é simplesmente buscar novidades, mas é dar a vida para que seus membros passem a viver a sua fé de um modo novo, possam aproximar-se do Pai por Cristo, num mesmo Espírito (cf. LG 4).
Para isso, Deus chama cada um dos cristãos a exercer um serviço específico (ou vários) dentro da Igreja, com a finalidade de edificar o seu Corpo e a sua Casa. Todos os homens necessitam ser "pastoreados" como templos do Espírito Santo, como filhos de Deus, de uma forma pessoal e particular, para que assim formados, santificados, congregados ao redor de Cristo, edifiquem o seu Corpo.
O Espírito está soprando de um modo novo, está atraindo pessoas e dando a elas coragem para assumir e testemunhar sua fé com um renovado ardor missionário. A RCC (Renovação Carismática Católica) é uma das grandes obras do Espírito para a Igreja e para o mundo de hoje. É, sem dúvida, uma manifestação sensível e concreta com a qual o Espírito Santo de Deus, de forma nova e fecunda, vem presenteando o mundo e a Igreja. Percebemos isso pelos frutos que podemos colher, como: a busca, por parte de milhares de cristãos, de uma experiência profunda com Deus, especialmente através da oração; o amor profundo à Sagrada Escritura, que não é só um livro para estudos e reflexão, mas fonte de oração e de vida; a importância de Nossa Senhora na vida dos cristãos; o apreço pela participação na vida da Igreja, na liturgia e nos trabalhos pastorais; a manifestação dos carismas do espírito de modo novo e atual; a comunhão profunda com a hierarquia da Igreja; a efetiva participação de tantos jovens, adultos e crianças nos grupos de oração e Encontros Evangelizadores e Formativos; a conversão contínua e o espírito ecumênico; o grande número de vocações sacerdotais e religiosas; o nascimento de inúmeras comunidades de vida e aliança, e tantos outros frutos maravilhosos.
Na RCC, popularizou-se o termo "ministério" com o termo "serviço". Portanto, ministério significa um serviço que prestamos para a edificação da Igreja. Quantos são os ministérios? Tantos quanto se fizerem necessários para a evangelização de toda a humanidade. Há nas dioceses e paróquias toda uma gama de pastorais, de acordo com cada realidade. A Renovação, além de ser fortemente chamada a participar dos serviços pastorais, exerce ministérios característicos de sua espiritualidade como o ministério de oração de cura e aconselhamento, de pregação, de intercessão, de música, de teatro, de ensino, de dança, de evangelização, de seminário de vida no Espírito, servos de seminário, de acolhimento, de pastoreio, de animadores de grupos de oração, e outros que o Senhor queira inspirar. Foi o próprio Jesus que, vindo ao mundo, exerceu o maior de todos os serviços e instruiu os seus para abraçar o serviço ao Reino com generosidade, caridade e obediência.
Todos estes aspectos que foram esclarecidos acima são muito importantes, mas existe um aspecto que está acima de todos, que é o "sim" da nossa vida dado a Deus para ser canal de salvação para todos os homens. Não adianta de nada existirem os ministérios muito bem organizados se não houverem pessoas que queiram dar o seu tempo em serviço da salvação de Deus para os homens.
Precisamos assumir a mesma atitude de São Francisco de Assis, que teve uma profunda experiência com Deus e descobriu que Ele queria a reconstrução da sua Igreja. Claro que pensou, a princípio, que era para reconstruir algum Templo que estava danificado. Assim, dedicou alguns anos de sua vida à reforma da Igreja de S. Damião. Mas o que o Senhor queria dele ia muito além da reparação desse Templo. O Senhor queria usá-lo para uma radical reforma e renovação na sua Igreja. Da mesma forma que Deus usou São Francisco, Ele deseja usar cada cristão que abre o seu coração para fazer o mesmo pela sua Igreja, pois ela precisa de permanente renovação, de renovado ardor, da experiência com o Deus vivo.
São Francisco entregou-se de corpo e alma ao serviço do Evangelho. Desapegado das riquezas, das glórias humanas, colocou sua confiança unicamente em Deus. Viveu por Deus e para Deus. O Espírito, que fez de Francisco um homem novo, é o mesmo que nos transforma e nos torna discípulos verdadeiros de Jesus Cristo. Como discípulos, temos a mesma missão: anunciar o Evangelho de Cristo.
Ser servo é um chamado de Deus. É um dom de Deus. E, diante da situação que o mundo se encontra faz-se urgente a existência de inúmeros servos. Jesus ao ver a multidão, ficou cheio de compaixão porque ela estava enfraquecida e abatida como ovelhas sem pastor. Então disse aos discípulos: "A messe é grande, mas os operários são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da messe que envie operários para sua messe" (Mt 9,37-38). Messe é uma plantação pronta para ser colhida e que, se não o for no tempo certo, perde-se. Jesus compara os homens com a messe. Estes precisam receber logo a Palavra da salvação, caso contrário, perder-se-ão.
Aquele que teve uma experiência do Deus vivo, torna-se servo por graça. Dentro do seu coração nasce um anseio de levar o seu Senhor a todas as criaturas para tirá-las da escravidão do pecado e da morte. Não é servo por iniciativa própria, mas por graça, porque assim o Senhor lhe constituiu. Servo constituído pelo amor de Deus e cheio deste amor deseja servir, deseja ser canal da mesma graça que transformou sua vida para os seus irmãos. Não é simplesmente alguém que exerce um ministério como se exercesse um trabalho, uma função, mas alguém que antes de servir, ama e porque ama, serve.
Hoje contemplamos uma situação gravíssima, porque o número de homens que necessitam encontrar Jesus, que estão se perdendo, que estão sofrendo, é elevado demais, no entanto o número de servos comprometidos, que não medem esforços, tempo, trabalho, amor é muito insignificante. Acreditamos que é preciso suplicar ao Pai da messe, como fez Jesus, que envie operários para a sua messe, mas também precisamos abrir nossos ouvidos para escutarmos a voz de Deus que chama milhares de filhos seus a doarem as suas vidas e a serem testemunhas do Amor, para que assim, o mundo encontre a verdadeira paz

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